sábado, 7 de junho de 2014

O GIGANTE TUCURUÍ COMPLETA 30 ANOS

Famílias ainda pagam pelos impactos gerados pela usina hidrelétrica de Tucuruí


Com o intuito de gerar mais energia e tornar navegável um trecho do rio, iniciou-se, em 1984, a construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí no Estado do Pará. E ainda continua sendo uma fonte de controvérsia. A maioria dos benefícios da energia gerada vão para empresas de alumínio que produzem para exportação, onde a geração de emprego é minúscula. Apresentado frequentemente por autoridades como um modelo para o desenvolvimento hidrelétrico devido á quantidade de energia que gera, os impactos sociais e ambientais do projeto são tão grandes quanto. A Tucuruí oferece muitas lições ainda não aprendidas para o desenvolvimento hidrelétrico na Amazônia.

Câncer, prostituição, extinção de peixes, desmatamento e destruição de toda uma vida foram alguns dos custos que algumas famílias pagam há 30 anos após a vinda da usina hidrelétrica de Tucuruí.
Segundo o estudo, a comissão especial do Conselho de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) reconheceu que as mulheres são as mais atingidas e encontram maiores obstáculos para a recomposição de suas vidas, por isso foram vitimas preferenciais dos processos de empobrecimento e marginalização decorrentes do planejamento, implementação e operação para implantação da usina.
Um dos efeitos desses processos é a exploração sexual vivida por mulheres. A prostituição vem crescendo nas cidades que recepcionam grandes projetos para construção de barragens.  Em Tucuruí, não foi diferente. Muitas mulheres que não tinham de onde tirar o seu sustento, foram para a prostituição.

As mulheres também sofreram com as doenças trazidas pela obra. Para matar a floresta, foi usado veneno de efeito laranja e, com isso, as famílias tiveram doenças, principalmente as mulheres, que tiveram câncer de pele.

Com a vinda do empreendimento, outras mudanças foram sentidas com a construção, durante os dois meses que durou a inundação do lago de 2.430 km. Mais de 37 espécies de peixes foram extintas, fuga em massa de macacos, aves e outras espécies, praga de mosquitos ao longo da margem. A estimativa é que apenas 1% das espécies sobreviveu.

Acompanhados à destruição ambiental, chegaram os problemas sociais. Antes da hidrelétrica chegar, Tucuruí possuía 9 mil habitantes.  Atualmente, ela abriga 90 mil. Essa população sofre até hoje com a falta de planejamento na infraestrutura para atender a população migrante.  A superlotação da cidade trouxe alguns problemas para seus habitantes como o aumento da criminalidade, furtos, vandalismo e a exploração sexual.

Os custos sócias da hidrelétrica de Tucuruí foram e continuam sendo pesados. Que incluem o deslocamento da população na área de inundação e sua realocação subsequente devido a uma praga de mosquitos, o desaparecimento da pescaria que sustentava a população que morava próxima à barragem, os efeitos sobre a saúde devido à contaminação. O alto custo financeiro e a pequena quantidade de emprego produzida por Tucuruí, que fornece principalmente energia para produção de alumínio. Falta de planejamento para usar os recursos financeiros e naturais da nação de modo mais benéfico para os residentes locais. No caso de Tucuruí, as autoridades subestimaram os impactos e sobrestimaram os benefícios. Apesar de muitas mudanças desde a construção de Tucuruí e 1984, os procedimentos de tomada de decisões ainda precisam de reformas para que os impactos sociais, assim como os efeitos ambientais e outros, sejam plenamente considerados nas tomadas de decisões sobre projetos de desenvolvimento, e para que, quando projetos forem considerados dignos de implementação, sejam executados com responsabilidade, consciência e justiça.