Famílias ainda pagam pelos impactos gerados pela usina hidrelétrica de Tucuruí
Com o
intuito de gerar mais energia e tornar navegável um trecho do rio, iniciou-se,
em 1984, a construção da Usina Hidrelétrica de Tucuruí no Estado do Pará. E
ainda continua
sendo uma fonte de controvérsia. A maioria dos benefícios da energia gerada vão
para empresas de alumínio que produzem para exportação, onde a geração de
emprego é minúscula. Apresentado frequentemente por autoridades como um modelo
para o desenvolvimento hidrelétrico devido á quantidade de energia que gera, os
impactos sociais e ambientais do projeto são tão grandes quanto. A Tucuruí
oferece muitas lições ainda não aprendidas para o desenvolvimento hidrelétrico na
Amazônia.
Câncer, prostituição, extinção de peixes,
desmatamento e destruição de toda uma vida foram alguns dos custos que algumas
famílias pagam há 30 anos após a vinda da usina hidrelétrica de Tucuruí.
Segundo o estudo, a comissão especial do Conselho
de Defesa dos Direitos da Pessoa Humana (CDDPH) reconheceu que as mulheres são
as mais atingidas e encontram maiores obstáculos para a recomposição de suas vidas,
por isso foram vitimas preferenciais dos processos de empobrecimento e
marginalização decorrentes do planejamento, implementação e operação para
implantação da usina.
Um dos efeitos desses processos é a exploração
sexual vivida por mulheres. A prostituição vem crescendo nas cidades que
recepcionam grandes projetos para construção de barragens. Em Tucuruí,
não foi diferente. Muitas mulheres que não tinham de onde tirar o seu sustento,
foram para a prostituição.
As
mulheres também sofreram com as doenças trazidas pela obra. Para matar a
floresta, foi usado veneno de efeito laranja e, com isso, as famílias tiveram
doenças, principalmente as mulheres, que tiveram câncer de pele.
Com a
vinda do empreendimento, outras mudanças foram sentidas com a construção,
durante os dois meses que durou a inundação do lago de 2.430 km. Mais de 37 espécies
de peixes foram extintas, fuga em massa de macacos, aves e outras espécies,
praga de mosquitos ao longo da margem. A estimativa é que apenas 1% das
espécies sobreviveu.
Acompanhados
à destruição ambiental, chegaram os problemas sociais. Antes da hidrelétrica
chegar, Tucuruí possuía 9 mil habitantes. Atualmente, ela abriga 90 mil. Essa
população sofre até hoje com a falta de planejamento na infraestrutura para
atender a população migrante. A superlotação da cidade trouxe alguns
problemas para seus habitantes como o aumento da criminalidade, furtos,
vandalismo e a exploração sexual.
Os custos
sócias da hidrelétrica de Tucuruí foram e continuam sendo pesados. Que incluem
o deslocamento da população na área de inundação e sua realocação subsequente
devido a uma praga de mosquitos, o desaparecimento da pescaria que sustentava a
população que morava próxima à barragem, os efeitos sobre a saúde devido à
contaminação. O alto custo financeiro e a pequena quantidade de emprego
produzida por Tucuruí, que fornece principalmente energia para produção de alumínio.
Falta de planejamento para usar os recursos financeiros e naturais da nação de
modo mais benéfico para os residentes locais. No caso de Tucuruí, as
autoridades subestimaram os impactos e sobrestimaram os benefícios. Apesar de
muitas mudanças desde a construção de Tucuruí e 1984, os procedimentos de
tomada de decisões ainda precisam de reformas para que os impactos sociais,
assim como os efeitos ambientais e outros, sejam plenamente considerados nas
tomadas de decisões sobre projetos de desenvolvimento, e para que, quando projetos
forem considerados dignos de implementação, sejam executados com
responsabilidade, consciência e justiça.